Releitura de " A ceterza da Loucura ".

Só o título desse texto já daria para escrever um livro, “A certeza da loucura".


Já nos dizia Lacan, “não é louco quem quer, mas é louco quem pode". O fato de ter certeza da loucura, já aponta para algo que não tem quase nada de loucura, mas sim um desejo de poder. Desejo esse que é barrado, e isso remete a castração, que é um complexo pelo qual todas as crianças vivenciam, o que é diferente é como cada uma delas passam por este momento. Umas são castradas, outras não e outras a desmentem.



O Rafael inicia o texto com as seguintes palavras, “Neste mundo de incertezas..." Acho interessante essa frase, porque que ela me leva a seguinte pergunta, que mundo de incertezas é esse? Esse é o meu mundo, esse é o seu mundo, as não de todos os sujeitos, esse é o mundo dos Neuróticos, esse é o mundo daqueles que foram castrados.



Mas e porque não é o mundo de todos? Porque existe um mundo no qual os que querem estar nele não podem, só podem estar nesse mundo os que não foram castrados e esse não é o mundo das incertezas, pelo contrário, nesse mundo não a lei, nesse mundo não existe ordem, tudo que se deseja lá pode ser realizado, até pular do terceiro andar para voar é possível.



“... onde as meias verdades, se passam por inteiras..." Essa frase me leva a pensar um pouco no aparelho psíquico proposto por Freud na 1ª tópica. As meias verdades nada mais são do que as representações que se encontram no inconsciente, e elas são meias verdades porque passam por processos de condensação e deslocamento, e elas passam por esses processos justamente para poderem "passar", passar aonde? Passar pela censura que impede que essas "meias verdades" venham se manifestar, venham aparecer no pré e no consciente. E muitas vezes são nos momentos que o sujeito dorme que essa censura é "afrouxada", possibilitando que os desejos infantis se mostrem. As meias verdades sempre se passaram por inteiras, nunca toda a verdade será revelada, pois o inconsciente é infinito e sempre haverá um pouco mais de verdade lá para se manifestar.



... “E com ares inquisidores me colocaram contra a parede” ...” Essa frase começa com a seguinte expressão “ sombras soçobravam em meu silencio". Aqui já se pode falar um pouco da 2º tópica, soçobrar é o mesmo que perturbar, sombras que perturbam o silêncio, essas sombras, são as vozes do supereu que perturbam, que são tão forte que chegam a ser como "ares inquisidores que colocam contra parede". Colocam quem contra parede? Colocam o Eu contra a parede. E quem é a parede? A parede nesse caso é o Isso, lugar onde o Eu se defronta com os seus desejos. E agora?



" O que realmente somos?" pergunta Leal.


Somos a expressão exata do passado que se presentifica a todo momento.



" O quão distante estamos daquilo que realmente gostaríamos de ser?" Essa é mais uma pergunta que Rafael faz em seu texto. Tenho aprendido que na verdade essa distancia pode estar mais perta do que imaginamos. A distancia se encurta para aqueles que desejam.



" Quando deixamos de ser verdadeiros com nós mesmos?". Deixamos de ser verdadeiros com nós mesmos todas as vezes que achamos que não precisamos do outro, quando na verdade um dia algum Outro, esse com letra maiúscula, foi o responsável por essas verdades existirem dentro de nós, mas o grande Outro que depositou dentro nós as tais verdades não continua sendo o responsável por deixarmos de sermos verdadeiros com nós mesmo, é preciso que haja uma responsabilização em cada um de nós quanto as nossas verdades.



Gostaria de dar um salto no texto agora, acho o final maravilhoso, ...'' somente como loucos poderemos ser verdadeiros''. Certamente que somente como loucos poderemos ser verdadeiros, poderemos não, poderíamos ser verdadeiros. Porque só é louco quem pode e logo não podemos(neuróticos) ser totalmente verdadeiros. O que nos restas é conviver com "meias verdades que se passam por inteiras". Esse é um "privilégio" só dos sujeitos psicóticos, ali sim o inconsciente está a céu aberto, não existe disfarce, não existem "meias verdades", o que se deseja na maioria das vezes se realiza, o seu mundo não tem normas, não tem regras, basta desejar que as verdades saem como que pelos seus poros.



Mas desejar e falar de todas as verdades nem sempre é um privilégio, as vezes os desejos que se realizam podem ser problemas graves em famílias e para outros tipos de grupos sociais. Recentemente um menino pulou do terceiro andar do prédio porque desejou voar e só não veio a falecer porque acabou caindo em cima de uma pessoa.



Quando não existe lei, os sujeitos são totalmente verdadeiros, mas o mundo sem lei é o mundo da loucura, é o mundo da confusão, onde não existem regras todos falam juntos e não se entendem.

É necessário que o Nome-do-Pai opere para que possamos conviver em sociedade com pelo menos um pouco de ordem e sentido.



Forte abraço,


Guilherme Manhães.




O texto abaixo foi produzido depois de dúvidas de alguns alunos frente aos encontros com esses conceitos importantes da clínica psicanalítica.
E o próximo será uma releitura de '' A certeza da loucura'', até lá pessoal.
Forte abraço
Guilherme Manhães

Signo, Significado e Significante

O signo, o significado e principalmente o significante são termos que Jacques Lacan retomou do Curso de lingüística geral de F.Saussure para demonstrar como o inconsciente é estruturado como linguagem. Saussure divide o Signo lingüístico em duas faces, uma em conceito que mais tarde em sua obra ele chamará de significado e a outra ele chamou de imagem acústica que depois ele passou a chamar de significante. Esses elementos estão estritamente ligados e por isso podemos dizer que o signo é a relação de um significado com um significante. O significado é o conceito, ou seja, uma idéia, aquilo que podemos abrir o dicionário e encontrar. O significante é uma imagem acústica, que é a junção de letras mais o som que essas letras produzem.Um conceito vai sempre remeter a uma imagem acústica e vice-versa


Apesar da relação que um significado tem com um significante o signo é regido pela arbitrariedade, ou seja, ele não tem lei. Um mesmo conceito defini as três imagens acústicas como no exemplo abaixo.

A conclusão que chegamos é que o que a palavra indica é a coisa que ela representa. Para Saussure o significado está sempre em prevalência ao significante.
O que Lacan irá fazer é inverter essa ordem, dando então prioridade ao significante sobre o significado, porque o inconsciente se interessa pelo significante muito mais do que pelo significado. E porque o inconsciente se interessa tanto assim pelo significante? Porque o inconsciente não se interessa pela definição do dicionário, como no exemplo árvore, que é no dicionário um vegetal de tronco lenhoso cujos ramos saem à curta altura do solo. O que interessa, o que é mais importante para o inconsciente é o que o significante árvore remete ao sujeito, podendo remeter, por exemplo, a uma árvore de uma cena da infância onde ocorreram situações fortes da vida libidinal do sujeito.
Em uma análise o que se trata não é a articulação do significante árvore com seu significado, como fazia Saussure na lingüística, mas trata-se de da articulação do significante árvore com outro significante.

Assim podemos ver a prevalência do significante sobre o significado.

O que é interessante em Lacan é que o significado é outro significante, não existindo significado fixo de nenhum significante. Se pegarmos um significante e fixamos um significado com um significante e em seguida formos definir este ultimo, vamos encontrar outro significante e assim por diante.
Nas palavras do Antonio Quinet o inconsciente é constituído assim:

‘‘Pelo desfilamento dos significantes, que deslizam sem cessar não se detendo em significados’’.

Lembro-me de em uma aula a aluna perguntando ao professor, ‘‘ o significante é aquilo que eu interpreto?’’. E o professor respondeu que não, para desespero de quase todos. Mas por que não é?
O significante é apenas o som da palavra esvaziado de sentido, como uma palavra estrangeira desconhecida ou nome próprio que, embora designe, nada significa. Se não se conhece ninguém que responda por aquele nome próprio, esse nome próprio não é mais do que um som de uma palavra. O Quinet nos deixa um ótimo exemplo: ‘‘Trafoi. O que quer dizer Trafoi? Para mim não significa nada, só me remete ao exemplo de Freud. Ao ouvir Trafoi, penso imediatamente que faz parte da associação de idéias de Freud, dessa formação do inconsciente em que ele esqueceu o nome Signorelli e que em seu lugar veio o significante Baltrafio, que ele associou a Trafoi. Eis o significado desse significante para mim, mas poderia continuar infinitamente dando seqüência a essas associações a que ele inicialmente me levou’’.
Guilherme Manhães.


A Certeza da Loucura


Neste mundo de incertezas descubro-me pensando em coisas que podem parecer sem sentido e, talvez, tenha que concordar que realmente as sejam, mas como impedir que tais pensamentos executem seu curso e busquem trazer o conforto que já não mais encontro?
Tal resposta não pode-me ser dada assim, sem antes me levarem por outros caminhos, caminhos que mostram mais perguntas sem respostas, perguntas que ainda nem forjaram esboços entre as conjecturas, onde as meias verdades ainda se passam por inteiras...
À dias algo vem martelando a minha mente e assombrando meu juízo, se é que ainda tenho algum, ou pelo menos, do que seja considerado normativo com relação a conceituação de juízo... E creio que buscar conceituação de juízo agora não seja uma boa opção.
Hoje falo das sombras que à tempos soçobravam em silêncio, mas que impiedosamente se inquietaram, e com ares inquisidores me colocaram contra a parede, exigindo-me coragem, coragem para que eu tente, ao menos tente, encontrar respostas ao que me aflige.
E antes de encontrar as respostas, me deparo com a primeira pergunta, que é com certeza, a que mais me assombra: O QUE SOMOS REALMENTE?
Mas antes de hipotetizar qualquer resposta, sou impelido, ou melhor, sou atropelado por outra: O QUÃO DISTANTES ESTAMOS DAQUILO QUE GOSTARÍAMOS DE SER?
Esta torrente imperiosa de questionamentos se sucedem, sem possibilidades para qualquer tipo de resposta. A próxima, com certeza, surgiu das dúvidas anteriores; QUANDO DEIXAMOS DE SER VERDADEIROS COM NÓS MESMOS?
Estranho que faço estas perguntas usando uma pluralidade, só que em nenhum momento pretendi usar de pluralidade em minhas conjecturas. Não obstante, acredito que talvez inconscientemente quisesse encontrar conforto dentro da própria pluralidade.
Mas deste momento em diante me forço a perguntar em primeira pessoa, QUANDO FOI REALMENTE QUE FIZ ALGO QUE PODERIA SER CHAMADO DE CRÚ?
Crú no sentido de essência, daquilo que seria só meu, da minha pura e exata essência.
Como prometido, a esta responderei e me aterei, dentro do possível, a minha singularidade, ou melhor, a partir daqui relato minha confissão.
Passo noventa e nove por cento do tempo vivendo a vida em comunhão com regras e significados, que muitas vezes poderiam ser jogados no lixo, que por certo, não trariam muitos prejuízos a sociedade. Mas por meio desta, confesso minha culpa por comungar muitos deles.
Em alguns momentos penso que sou louco, louco por pensar estas coisas. Mas outras vezes, acredito que é justamente por eles, que torno-me lúcido com relação ao que sou. E devo depositar neste um por cento de incongruência, todas as minhas esperanças. Pena que sejam momentos tão raros...
Daí talvez advenha todas as minhas angústias, aliás, não todas, mas com certeza muitas delas. Como a de ter que viver uma vida que em muitas vezes não faz sentido.
Não digo falta de sentido numa visão ou numa fala carregada e desesperançosa, como de alguém que espera sentado à soleira de sua casa, com olhos ressequidos por algo ou por alguém. Mas emprego sentido no âmbito de compreensão daquilo que somos ou de que ao menos poderíamos ser.
E com pesar, fujo de minha singularidade prometida para admitir, o estranho incômodo que me assola, o da certeza, ou da quase certeza, de que todos a minha volta vivem desta maneira. E o pior, é ter que aceitar que estes questionamentos feitos nestas poucas linhas, passam longe dos pensamentos da maioria das pessoas.
Por isso confesso, sinto-me como um louco nos momentos em que me considero mais lúcido. E sinto-me culpado por fugir da minha loucura ao interpretar aos olhos do outro a minha normalidade e esconder minha lucidez.
Talvez a única resposta que posso chegar, é que somente como loucos poderemos ser verdadeiros, e só assim, retornarmos a essência daquilo que outrora deveríamos ter sido.

Rafael Leal

de um amigo...

Será de um amigo o próximo escrito exibido no blog, trata-se de Rafael Leal, suas palavras estavam presentes na brisa suave que me alcançou e me levou a amar e odiar a psicanálise.
O título é ''A certeza da loucura''.

Forte abraço
Guilherme Manhães

Sobre o Amor Transferencial - Parte 2


Assim como na primeira parte, nesta iniciarei também com uma pergunta.

Qual a ÉTICA que o analista deve se orientar?

Essa questão da ética é bem complicada, Freud chega a fazer uma dura crítica a alguns médicos no texto. Pois eles preparavam sua pacientes para o surgimento da transferência erótica ou até mesmo as instavam a ir em frente e enamoravam-se deles, de modo que o tratamento pudesse progredir.

Porém, agindo assim, o próprio analista priva o fenômeno do elemento de espontaneidade, que é tão convincente e cria para si próprio, no futuro, obstáculos difíceis de superar.

Freud faz uma pergunta bem interessante no texto que esclarece melhor qual deve ser a ética que o analista deve se orientar, '' mas como deve o analista comportar-se, a fim de não fracassar nesta situação, se estiver persuadido de que o tratamento deve ser levado avante, apesar desta transferência erótica, e que deve enfrentá-lo com calma?''
A resposta de Freud é que o tratamento analítico se baseia na sinceridade, e neste fato reside grande parte de seu efeito educativo e de valor ético, aqueles que se desviam deste fundamento correm grande perigo. A opinião de Freud, é que o analista não deve abandonar a neutralidade para com a paciente, assim podemos manter controlada a contratransferência.

Freud, ainda nos alerta afirmando que a técnica psicanalítica exige do médico que ele negue à paciente que anseia por amor a satisfação que ela exige, o tratamento deve ser levado a cabo da abstinência, mas não na privação de tudo, pois talvez nenhuma pessoa enferma consiga tolerar isso.

Freud, então admite um princípio fundamental para análise, que se deve permitir que a necessidade e anseio da paciente nela persistam, a fim de poderem servir de forças que a incitem a trabalhar e efetuar mudanças, e apaziguar as forças por meio de substitutos.

Portanto, cabe ao analista tomar cuidado para não afastar-se do amor tranferencial, ou torná-lo desagradável para a paciente, mas deve de modo resoluto, recusar-lhe qualquer retribuição. Isso implica em o analista saber manejar a transferência, escutando, acolhendo e recusando aquilo que lhe é transferido.

Guilherme Manhães.

Em breve

Olá pessoal !!!

A segunda parte do texto sobre o amor transferêncial já está pronto, em breve estarei postando.

Guilherme Manhães

Sobre o Amor Transferencial - Parte 1

Queria começar com uma pergunta que precisei responder dias atrás.

De que amor se trata ?

Após perceber amiúde que as pacientes se enamoravam dos médicos e de como essa situação era difícil de se lidar para eles, Freud escreve para esses médicos de quê se trata esse amor.

Freud nos mostra como esse amor foi tomado e entendido de forma equivocada pelos analistas, fazendo com que os mesmos tivessem grandes dificuldades na condução na análise de seus pacientes.
Um exemplo clássico foi o de Breuer com a sua paciente Ana O., onde ele acaba não conseguindo manejar a transferência amorosa e o tratamento acaba sendo interrompido.

Freud nos fala que esse fenômeno da paciente demandar amor para o analista implica em uma advertência a uma contratransferência, que segundo a psicanalista Elisabeth Roudinesco, é o conjunto de manifestações do inconsciente do analista relacionadas com as da transferência de seus pacientes.

Freud deixa bem claro em seu texto Observações sobre o Amor transferencial, que esse amor da paciente é induzido pela situação analítica e não deve ser atribuído aos encantos da pessoa do analista. Ele chega a dizer que o analista não tem nenhum para se orgulhar de tal conquista.

Esse amor ao analista é uma repetição da forma como esse paciente ama os objetos, ou seja, ele repete frente ao analista seus clichês esteriotípicos. Quando o analista recebe esse amor como para sua pessoa e começa a responder a esse amor, logo podemos considerar que já não existe mais análise aí, e provavelmente esse analista logo se frustrará, pois esse amor na verdade nunca tinha sido destinado a sua pessoa.

Ao procurar uma análise o sujeito acredita que o analista tem um saber que ele não tem sobre suas questões e sintomas, assim passa a transferir um amor a esse sujeito que ''sabe tudo'', mas ao acreditar que ele( paciente) não sabe e que o Outro sabe, ai está que amor é esse, amor a situação analítica e não ao analista.

Guilherme Manhães.

Em breve

Atenção, já está no ''forno'' um novo texto. Será sobre a transferência, com enfoque no texto: '' observações sobre o amor trasnferencial''.

Até logo.

EstruturaL - Texto reescrito


É estrutural, não tem mais jeito pra você e nem pra mim. A palavra estrutural foi escrita por mim cercada por duas letras maiúscula.,pois é assim que ficamos depois de ter a nossa estrutura psíquica formada.


Nada importa mais, seja você um Neurótico, um Psicótico ou um Perverso, a partir do momento que você está estruturado não tem mais volta. Pode um remédio fazer um esquizofrênico deixar de ser esquizofrênico? Pode um remédio fazer um perverso parar de ignorar as leis? Certamente que não

Você pode pensar ''mais isso é muito ruim, isso é muito triste''. É verdade ,é muito difícil sim, mas é assim.

Uma situação aconteceu essa semana que me fez pensar nisso. Um homem que tem por volta dos seus quarenta anos de idade, estava sendo mandado embora da mesma empresa pela terceira vez.

Na primeira vez que esse sujeito foi demitido, foi devido a relacionamentos ruins dentro da empresa, o ambiente de trabalho era tão ruim que esse homem tinha que parar de falar com alguns funcionários, ele não conseguia suportar algumas coisas.

Depois de alguns anos o homem pede mais uma chance a seu ex-patrão, o patrão acreditou na mudança e teve compaixão o recebendo novamente. Mas depois de alguns anos o que aconteceu? Ele repete tudo o que tinha ocorrido da primeira vez e novamente é mandado embora.

Por que duas vezes a mesma coisa? Como se não bastasse isso aconteceu essa semana pela terceira vez. Depois da segunda chance a terceira foi dada, mas novamente aconteceu a despedida do funcionário. Que dificuldade tão grande é essa de se relacionar? Ela pode ser curada e esse homem não mais enfrentar esses problemas? A palavra cura na verdade não é a melhor, ainda mais quando o tema do texto é estrutura. Porque o Sintoma com S maiúsculo não pode ser jamais curado, mas os sintomas com s minúsculos esses sim podemos falar em uma cura, que também não é um processo tão simples porque envolve uma série de ganhos do sujeito por fazer determinados sintomas. Não existe possibilidade alguma de curar a estrutura, mas existe a possibilidade de ter uma vida mais agradável e com menos conflitos? A resposta é SIM, acredito muito que fazer análise não resolveria todos os problemas desse homem, mas certamente que na análise esse sujeito iria encontrar novas formas de expressar seus desejos de uma forma talvez mais branda, onde se tornaria menos penoso nas suas relações.



Guilherme Manhães.


Quando o CORTE é necessário


Hoje o coração chorou, mas lágrimas ainda não escorreram. O seu momento está quase chegando. Falo de um corte que estou ''sofrendo'' em um estágio. Depois de um ano e sete meses atendendo crianças com diversas patologias, o fim chegou. É como se eu perdesse um grande amor, mas esse grande amor que hoje perco, gerou em mim o amor que hoje sinto pelas letras Freudianas. Sou grato, muito grato mesmo a você estágio ''meu''.
Mas o corte é necessário, foi ele que lá atrás, quando eu ainda era uma pequena criança que possibilitou a minha entrada na neurose. Sem o corte eu certamente não teria o ''privilégio'' do sofrimento.
Não sei o que precisa ser cortado na sua vida, mas as vezes temos a opção de sofrer o corte e de não sofrer o corte. Mas quando ''sofremos'' o corte, ele não implica só em sofrimento, ele implica também em MOVIMENTO. É o corte que possibilita a busca por outras coisas, o desejo inconsciente não cessa dentro de nós. Mas como dar outros passos, como desejar outros objetos na vida se muita das vezes preferimos permanecer na posição que estamos? Realmente essa posição muita das vezes é bem mais cômoda, é bem mais confortável de se estar. Não espere que o outro venha te dar o corte, deixe-se sofrer o corte e desejar livremente coisas novas. E lembre-se sempre SÓ EXISTE DESEJO ONDE EXISTE A FALTA.


Quando a um rompimento, quando acontece um corte um furo fica marcado para o sujeito e é nesse momento que as maiores possibilidades passam a estar disponíveis ao sujeito do inconsciente.




Guilherme Manhães

Grupo de estudo de Psicanálise


Hoje foi realizado o segundo encontro do grupo de estudo dos casos clinicos escritos por Freud. Estamos nos aventurando no caso Dora, posso falar que tem sido uma experiência maravilhosa. Tem sido um tempo de grande deleite sobre a obra Freudiana, tempo de deleite que fica explicito ao iniciarmos a leitura as 19 horas e pararmos somente as 22. Mesmo assim com uma curiosidade imensa do que estar por vir no próximo encontro.

O amor e o ódio estiveram muito presente neste encontro, e mais uma vez reconhecemos o quanto Freud foi um gênio.


Guilherme Manhães

O Bonzinho




Percebo que sempre me relaciono com o mesmo tipo de mulher. Embora eu não seja um cara rico, atraio mulheres que eu poderia chamar de interesseiras ou aproveitadoras. Sinto que isso acontece porque sou o tipo do cara “bonzinho”, que dá atenção, faz gentilezas. Corro atrás, ligo, mas sem excessos. Como posso mudar este perfil? Hoje em dia, não é aconselhável ser assim. Devo ser um cara meio insensível, que não dá bola, espera as mulheres correrem atrás?
Interesseira significa movida pelo interesse e não pelo amor, que implica gratuidade. Lacan diz mesmo que, no amor, a gente dá aquilo que não tem. Em que posição você fica para atrair mulheres interesseiras? Esta é a primeira pergunta que precisa ser feita. E a resposta está no seu e-mail. Você se apresenta como um cara que dá o que tem e não como quem entrega o que falta. Oferece bondade, atenção, gentileza, que são os atributos de quem ama, mas não são a expressão do amor paixão. O amante entra em cena com o “sem você eu não existo”, mostrando a carência.
Possível que você não suporte se mostrar assim. Digo isso porque você imagina resolver o problema apresentando-se como “quem não dá bola”, espera “as mulheres correrem atrás”. A solução imaginada por você revela o desejo de ser cortejado. Nada de errado nisso, mas para que o seu desejo possa se realizar é preciso encontrar a parceira que queira estar na posição do trovador. Pode não ser fácil.
Sendo homem, você deseja a posição da dama, a que ficava no pedestal. Isso certamente tem a ver com a sua infância, a relação entre os seus pais, e a da sua mãe com você. Seria bom rememorar para saber mais sobre o seu desejo e se tornar mais flexível. A vantagem do conhecimento de si é a maleabilidade, sem a qual a vida não pode ser boa.
Quem se enrijece numa posição, quem não tem ginga, sofre. A gente precisa aprender a dançar com a música e este aprendizado não tem fim porque a vida surpreende. Requer a nossa transfiguração, a mudança de perfil. Neste sentido, ela é como o teatro e nós como os atores que encarnam diferentes personagens.
Por Betty Milan

Como uma brisa suave


Certa vez ouvi uma frase de uma psicanalista assim '' a psicanálise não está para todos''.
Não sabia que ela tinha razão, mas estou descobrindo a cada dia que passa como essa frase é uma verdade ABSOLUTA. Ela está para você? Não sei, sinceramente não sei, mas sei que ela está para mim. Não como uma flecha que chega rápida e de repente, mas como uma brisa suave que vem de longe e toca o rosto que ela me encontrou.
Foi sem perceber que esse encontrou ocorreu, assim como o inconsciente faz com a gente, sem perceber quando menos o esperamos aparece, ou melhor, ele se expressa, porque presente ele sempre está, já dizia Lacan '' o inconsciente está estruturado como uma linguagem'', e a linguagem está ai para todos, até para o mudo. Eu lembro bem de quando falei pela primeira vez depois de ler alguns textos e terminar um atendimento, a um grande amigo (Rafael Leal) que me orientou nos primeiros passos ao meu amor-meu ódio '' cara, a psicanálise é demais, ela acontece mesmo''.
Meus primeiros encontros foram assim, vendo o inconsciente se manifestando pela via da fantasia nas crianças e ouvindo e vendo a minha primeira supervisora, ela que só era um sujeito suposto saber quando estava em seu consultório atendendo aos seus pacientes, por que fora dele esse sujeito chamada Simone Tavares que deixou muita saudade, não tinha nada de suposto, ela era simplesmente o sujeito que tinha o saber. Suas reflexões e seus apontamentos vinham incorporados na brisa suave que me atingia e aumentava o meu desejo de conhecer aquele que seria o meu amor-meu ódio: Psicanálise.
Lembro bem de quando uma amiga (Natalia Marçal) em uma supervisão falou de uma intervenção feita em um atendimento com a mãe de um paciente que os meus olhos se encheram de águas, não entendi porque fiquei daquele jeito, só sei dizer que era mais um objeto que veio através da brisa me encontrar.
Eu não poderia deixar de dizer de uma pessoa que tem colaborado de forma grande com minha formação e ultimamente suas idéias têm carregado a brisa que me encontra, trata-se de Renata ''A Super'', nem ela sabe que é conhecida assim por algumas pessoas, mas ela é SUPER mesmo. SUPER em orientar, SUPER em questionar e SUPER em saber.

Só sei que tem sido surpreendente te conhecer cada dia mais um pouquinho, meu amor-meu ódio: Psicanálise.

Guilherme Manhães

Back to Home Back to Top Meu amor-meu ódio: Psicanálise. Theme ligneous by pure-essence.net. Bloggerized by Chica Blogger.