Sobre o Amor Transferencial - Parte 2
Posted in on 06:32 by Guilherme ManhãesAssim como na primeira parte, nesta iniciarei também com uma pergunta.
Qual a ÉTICA que o analista deve se orientar?
Essa questão da ética é bem complicada, Freud chega a fazer uma dura crítica a alguns médicos no texto. Pois eles preparavam sua pacientes para o surgimento da transferência erótica ou até mesmo as instavam a ir em frente e enamoravam-se deles, de modo que o tratamento pudesse progredir.
Porém, agindo assim, o próprio analista priva o fenômeno do elemento de espontaneidade, que é tão convincente e cria para si próprio, no futuro, obstáculos difíceis de superar.
Freud faz uma pergunta bem interessante no texto que esclarece melhor qual deve ser a ética que o analista deve se orientar, '' mas como deve o analista comportar-se, a fim de não fracassar nesta situação, se estiver persuadido de que o tratamento deve ser levado avante, apesar desta transferência erótica, e que deve enfrentá-lo com calma?''
A resposta de Freud é que o tratamento analítico se baseia na sinceridade, e neste fato reside grande parte de seu efeito educativo e de valor ético, aqueles que se desviam deste fundamento correm grande perigo. A opinião de Freud, é que o analista não deve abandonar a neutralidade para com a paciente, assim podemos manter controlada a contratransferência.
Freud, ainda nos alerta afirmando que a técnica psicanalítica exige do médico que ele negue à paciente que anseia por amor a satisfação que ela exige, o tratamento deve ser levado a cabo da abstinência, mas não na privação de tudo, pois talvez nenhuma pessoa enferma consiga tolerar isso.
Freud, então admite um princípio fundamental para análise, que se deve permitir que a necessidade e anseio da paciente nela persistam, a fim de poderem servir de forças que a incitem a trabalhar e efetuar mudanças, e apaziguar as forças por meio de substitutos.
Portanto, cabe ao analista tomar cuidado para não afastar-se do amor tranferencial, ou torná-lo desagradável para a paciente, mas deve de modo resoluto, recusar-lhe qualquer retribuição. Isso implica em o analista saber manejar a transferência, escutando, acolhendo e recusando aquilo que lhe é transferido.
Guilherme Manhães.
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