Cores...


Esse é mais um escrito da série das experiências breves.


Enquanto uma determinada oficina ocorria no espaço do Hospital-Dia uma frase ficou em lugar diferente das outras, " Eu penso em renovar o homem usando borboletas " (Manoel de Barros).

E esse significante "borboletas" me remeteu a cores...e depois a outros em sua cadeia que está exposto no texto. Então porque não?

Segue nas próximas linhas o escrito.


" Quero cor, mas só se for com sabor e calor.

Azul é acordar e saber que naquele dia alguém espera por mim.

Uma cor com sabor é uma cor misturada
Que não sei dizer que mistura se fez

Só sei que tem calor, é intensa,
que me faz querer, deseja-lá outra vez.

Desejar o que? Desejar quem?


Uma cor que o Outro tem

E tem graça por isso, mas na verdade só parece ter, ainda assim acredita-se que tenha.
Esse Outro não me completa, mas me dá prazer e desprazer

Existe riqueza maior que a incompletude? "


Guilherme Manhães






indivíduos invisíveis - sociedade descartável


No mês de abril de 2010 caiu sobre o estado do Rio de Janeiro um volume de chuvas além do esperado, e com isso algumas cidades foram fortemente castigadas.

Uma dessas cidades teve um número elevado de vítimas depois dos desabamentos de algumas barreiras onde havia um aglomerado de casas considerado.

Com isso a sociedade de Niterói começou a vivenciar um clima de desespero e intensa tristeza. E a partir disso muitas perguntas e afirmações começaram a serem feitas, " A culpa é do governo", " Quem é que vai ajudar?", " E agora o que fazer?", " Eles são culpados por morarem naqueles lugares".

Alguns anos atrás vivia-se numa sociedade de produção, ou seja, industrial, mas hoje o cenário é outro, vivemos na era de uma sociedade de consumo, sobre um modo extremamente perverso, invisível, de organização do laço social. Em meio a desordem na cidade, boatos começaram a circular, " está acontecendo um arrastão", e agora? Será que é verdade ou ficção? O que se sabe é que o caus está instaurado. O que se sabe porque se vê, se escuta e se lê é que a mídia faz da tragédia uma mercadoria de troca.

É impressionante como enquanto alguns choram outros conseguem com a maior naturalidade desviar, transgredir. Em meio a separação de alimentos em uma determinada instituição, um sujeito em um episódio caracteriza bem a sociedade perversa dos dias atuais, " esse aqui não, esse eu vou levar para minha casa".

Quando não nos envolvemos com essas questões de alguma forma estamos nos alienando, jogando a responsabilidade sempre para o outro, e isso nada mais é do que um processo perverso. Onde estão os valores humanos?

Uma coisa não se pode negar que houve de positivo nesta catástrofe, sujeitos que viviam isolados em seus computadores, bancos e cavernas, saíram de suas "caixinhas" e foram solidários doando e se doando.

Guilherme Manhães

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