Hoje o coração chorou, mas lágrimas ainda não escorreram. O seu momento está quase chegando. Falo de um corte que estou ''sofrendo'' em um estágio. Depois de um ano e sete meses atendendo crianças com diversas patologias, o fim chegou. É como se eu perdesse um grande amor, mas esse grande amor que hoje perco, gerou em mim o amor que hoje sinto pelas letras Freudianas. Sou grato, muito grato mesmo a você estágio ''meu''.
Mas o corte é necessário, foi ele que lá atrás, quando eu ainda era uma pequena criança que possibilitou a minha entrada na neurose. Sem o corte eu certamente não teria o ''privilégio'' do sofrimento.
Não sei o que precisa ser cortado na sua vida, mas as vezes temos a opção de sofrer o corte e de não sofrer o corte. Mas quando ''sofremos'' o corte, ele não implica só em sofrimento, ele implica também em MOVIMENTO. É o corte que possibilita a busca por outras coisas, o desejo inconsciente não cessa dentro de nós. Mas como dar outros passos, como desejar outros objetos na vida se muita das vezes preferimos permanecer na posição que estamos? Realmente essa posição muita das vezes é bem mais cômoda, é bem mais confortável de se estar. Não espere que o outro venha te dar o corte, deixe-se sofrer o corte e desejar livremente coisas novas. E lembre-se sempre SÓ EXISTE DESEJO ONDE EXISTE A FALTA.
Quando a um rompimento, quando acontece um corte um furo fica marcado para o sujeito e é nesse momento que as maiores possibilidades passam a estar disponíveis ao sujeito do inconsciente.
Guilherme Manhães