Como foi anunciado a alguns aqui no blog que seria reservado um espaço para relatar experiências breves, hoje será a primeira de outras que virão.
"Olha o passarinho..."
Foi em março de 2010 que estive visitando a Dona E. no CTI do hospital do coração. Dona E. está com 89 anos de vida e fala que já viveu tudo o que tinha para viver. Perguntei para ela qual tinha sido a melhor experiência de sua vida, e Dona E. diz que foi o casamento, que o seu marido era bom e um ótimo pai. Depois de conversarmos um pouco sobre isso, por associação livre começamos a falar das pessoas que a tinham visitado enquanto estava internada. E quando eu menos esperava Dona E. trás algo muito interessante, " todos dias de manhã, um passarinho vem aqui, ele canta abessa, ele é tão bonitinho, mas ele é chato". Naquele momento eu estava "encantado" com o discurso da Dona E. e perguntei, Mas qual é a cor do passarinho? Ela disse que não sabia, mas que ele era muito bonitinho, mas que ficava cantando muito e isso a incomodava. Perguntei a Dona E. Mas a Senhora já tentou mandar ele embora? Ela respondeu: " Eu não, ele vem aqui todas as manhãs e é bonitinho".
Sabemos da impossibilidade de um passarinho entrar no CTI de um hospital, mas no leito da Dona E. ele entrou, mas como ele entrou? Que passarinho é esse que atravessa todas as barreiras e consegue chegar até lá?
É interessante que Dona E. fala que já viveu o que tinha para viver, e por que ela não se entrega então?
Existe alguém que aparece todas as manhãs com um canto que é chato, mas com uma beleza que a captura ao ponto de não mandá-lo embora e esperá-lo no próximo dia.
Guilherme Manhães.
"Olha o passarinho..."
Foi em março de 2010 que estive visitando a Dona E. no CTI do hospital do coração. Dona E. está com 89 anos de vida e fala que já viveu tudo o que tinha para viver. Perguntei para ela qual tinha sido a melhor experiência de sua vida, e Dona E. diz que foi o casamento, que o seu marido era bom e um ótimo pai. Depois de conversarmos um pouco sobre isso, por associação livre começamos a falar das pessoas que a tinham visitado enquanto estava internada. E quando eu menos esperava Dona E. trás algo muito interessante, " todos dias de manhã, um passarinho vem aqui, ele canta abessa, ele é tão bonitinho, mas ele é chato". Naquele momento eu estava "encantado" com o discurso da Dona E. e perguntei, Mas qual é a cor do passarinho? Ela disse que não sabia, mas que ele era muito bonitinho, mas que ficava cantando muito e isso a incomodava. Perguntei a Dona E. Mas a Senhora já tentou mandar ele embora? Ela respondeu: " Eu não, ele vem aqui todas as manhãs e é bonitinho".
Sabemos da impossibilidade de um passarinho entrar no CTI de um hospital, mas no leito da Dona E. ele entrou, mas como ele entrou? Que passarinho é esse que atravessa todas as barreiras e consegue chegar até lá?
É interessante que Dona E. fala que já viveu o que tinha para viver, e por que ela não se entrega então?
Existe alguém que aparece todas as manhãs com um canto que é chato, mas com uma beleza que a captura ao ponto de não mandá-lo embora e esperá-lo no próximo dia.
Guilherme Manhães.